O que é cooperativismo? Tudo o que você precisa saber!

Podemos caracterizar o cooperativismo como um movimento que visa desenvolvimento social e econômico para um grupo de pessoas baseado na honestidade, equidade, solidariedade e transparência. O modelo de negócio tem mais de 170 anos, mas seu princípio continua atual, despertando o interesse de quem busca melhores oportunidades e condições mais justas no mercado. Uma cooperativa, por exemplo, pode ajudar produtores rurais a comprarem equipamentos para suas plantações ou oferecer empréstimos a juros baixos para seus associados. Quer saber como o cooperativismo funciona? Então confira neste artigo os seus princípios, história e benefícios!

 

O que é cooperativismo?

Cooperativismo significa a colaboração entre pessoas com um interesse em comum. A ideia surgiu após a Revolução Industrial, quando a população começou a ficar insatisfeita com as altas taxas de desemprego e os baixos salários.

O cenário motivou os trabalhadores a se unirem em busca de melhores condições para o exercício das suas atividades, que incluíam desde a redução nos custos de produção até a aquisição de novos equipamentos.

No entanto, foi apenas em 1844 que o termo cooperativa surgiu. A primeira cooperativa foi criada na cidade de Rochdale-Manchester, no interior da Inglaterra.

Um grupo composto por 27 homens e uma mulher se uniu para montar seu próprio armazém, já que, separadamente, essas pessoas não tinham condições de comprar a quantidade básica de alimentos para sobreviver.

A proposta era simples: comprar alimentos em grande quantidade para conseguir preços menores. Todos os itens seriam divididos igualitariamente entre o grupo. E assim nasceu a Sociedade dos Probos de Rochdale, que em 4 anos multiplicou seu capital social de 28 para 152 mil libras.

O termo cooperativismo, contudo, só foi criado oficialmente em 1948, em um congresso do segmento realizado em Praga. Na época, sua definição era: “Será considerada como cooperativa, seja qual for a constituição legal, toda a associação de pessoas que tenha por fim a melhoria econômica e social de seus membros pela exploração de uma empresa baseada na ajuda mínima e que observa os Princípios de Rochdale”.

Desde então, já são mais de 3 milhões de cooperativas no mundo. Existe até o Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado no primeiro sábado de julho e com objetivo de divulgar esse modelo organizacional.

História do cooperativismo no Brasil

primeira cooperativa do Brasil surgiu em 1889, em Minas Gerais. Conhecida como Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, a organização era voltada para o consumo de produção agrícola.

Já a cooperativa mais antiga e em atividade do país é do ramo financeiro. Foi criada em 1902 pelo padre suíço Theodor Amstad e fica localizada em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. 

Apesar de vermos centenas de exemplos de cooperativas no país, a representatividade do setor é recente. Foi apenas em 1969 que o segmento ganhou mais força e relevância com a criação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A OCB assume até hoje o papel de defender e promover esse modelo de negócio.

Qual o objetivo do cooperativismo?

O principal objetivo do cooperativismo é equilibrar a justiça social com a prosperidade econômica e a sustentabilidade com os resultados financeiros, respeitando os interesses coletivos e as aspirações individuais.

Certamente, é um desafio no cenário econômico que vivemos. Mas essa sempre foi a premissa da organização e isso se reflete nos seus princípios.

Assista: Tudo o que você precisa saber sobre cooperativismo financeiro 

Os 7 princípios do cooperativismo

Os princípios de uma cooperativa são reforçados desde 1884, quando a primeira organização foi criada. São eles:

1. Adesão voluntária e livre

Qualquer pessoa interessada pode participar de uma cooperativa. A única exigência é que a pessoa concorde com o objetivo econômico da instituição e esteja disposta a assumir as suas responsabilidades.

2. Gestão democrática

democracia é o que move uma cooperativa. Todas as decisões são baseadas em princípios democráticos. Isso inclui a realização de eleições para escolher seus representantes oficiais, reuniões para a formulação de políticas e tomadas de decisões. A máxima “um homem, um voto” é a força motriz do modelo de negócio. 

3. Participação econômica

No cooperativismo, o rateio das sobras, ou resultados que a cooperativa apresentou naquele ano, são definidos pelos cooperados durante a assembleia. Todos votam para definir o futuro do valor, seja em investimento na própria cooperativa, custeio de atividades ou na divisão dos resultados entre os cooperados. 

4. Autonomia e independência

Uma cooperativa cresce porque há um trabalho conjunto dos membros. Esse trabalho pode ser expandido em formas de parcerias e acordos com organizações públicas e privadas. Contudo, a tomada de decisão continua sendo da cooperativa. 

5. Educação, formação e informação

desenvolvimento das comunidades onde as cooperativas estão inseridas acontece por meio da educação. É comum os cooperados receberem palestras, treinamentos e terem acesso a cursos técnicos, se tornando mais qualificados para atuarem no mercado.

6. Intercooperação

A intercooperação acontece não só entre cooperados, mas também entre cooperativas locais, regionais, nacionais e internacionais. Através da prática da solidariedade, as cooperativas trabalham juntas fortalecendo o movimento e ressaltando os diferenciais de uma instituição cooperativista. 

7. Interesse pela comunidade

O pensamento de uma cooperativa pode ser global, mas sua ação sempre começa em um  local específico e visa causar impactos positivos na comunidade ao seu redor. Por isso, todas as políticas aprovadas pelos membros devem considerar primeiro a realidade na qual a cooperativa está inserida, promovendo o seu desenvolvimento socioeconômico. 

Como funciona o cooperativismo?

cooperativismo acontece na prestação de serviços, valores e ideias que geram benefícios para os seus membros e suas comunidades. 

Além dos princípios que explicamos anteriormente, existe uma série de regras para o funcionamento de uma cooperativa. Elas estão reunidas na Lei n.º 5.764/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo.

É essa legislação que define os 7 ramos do cooperativismo:

  • Agropecuário: relacionadas às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira. 
  • Financeiras: voltadas para a oferta de soluções financeiras.
  • Trabalho, bens e serviços: focadas em serviços especializados a terceiros ou que produzem bens.
  • Transporte: tem como objetivo a prestação de serviços de transporte de cargas e passageiros. 
  • Saúde: organizações que visam a preservação e a promoção da saúde humana.
  • Consumo: cooperativas que realizam compras em comum, tanto de produtos quanto de serviços, como supermercados e farmácias.
  • Infraestrutura: organizações que fornecem serviços essenciais como energia, telefonia e construção de habitações. 

Veja também: Tudo o que você precisa saber sobre ser um cooperado

Quais as vantagens de uma cooperativa?

O cooperativismo tem como característica principal contemplar os interesses coletivos de um grupo de pessoas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, social e econômico tanto dos seus membros, quanto da comunidade na qual a organização está inserida.

Esse modelo de negócio traz muitos benefícios para quem decide se tornar um associado. Um exemplo é o acesso ao crédito e a bens de consumo com taxas e preços menores.

Imagine que você queira começar a investir o seu dinheiro. Ao procurar uma cooperativa financeira, por exemplo, pode encontrar taxas com rentabilidade melhores, já que o sistema de cooperativismo tem isenção tributária. Você ainda tem a segurança de fazer um investimento com riscos mais baixos. 

Outra vantagem é que todo mundo que faz parte de uma cooperativa é dono da instituição. Ou seja, todos têm voz ativa nas tomadas de decisão e as responsabilidades também são divididas. 

Além disso, os donos, ou cooperados, também têm direito a participar da divisão de resultados anuais de sua cooperativa. O tamanho dessa parte é definido pelo estatuto. 

Essa divisão é proporcional à movimentação financeira de cada um, ou seja, quanto mais a pessoa usa os produtos e serviços da cooperativa, contribuindo para o crescimento da instituição, maior é o valor que ela recebe. 

Por fim, é mais que uma escolha financeira se associar a uma cooperativa que vai além do foco material, mas também é acreditar no desenvolvimento da comunidade e no impacto social que o cooperativismo pode ter no mundo todo. 

Como se tornar cooperado do Sicoob?

Para se tornar cooperado do Sicoob, é preciso ir até uma cooperativa da rede ou acessar o App Sicoob para criar uma conta. 

Caso queira se associar a uma cooperativa específica e ela não aparecer na busca do App, pode ser porque ainda não aderiu à associação digital. Exatamente por sua autonomia, a cooperativa pode escolher aderir ou não e, caso não encontre a sua no App, você pode abrir a sua conta presencialmente. 

Ao se associar, o cooperado firma um compromisso com os outros e com a cooperativa por meio do pagamento da integralização, um valor que fica aplicado em uma conta pessoal, chamada Conta Capital. Esse valor é o que permite que os cooperados participem dos resultados da cooperativa de forma proporcional às suas movimentações. Na maioria das cooperativas, o valor rende durante toda a permanência naquela cooperativa e pode ser retirado se a conta for encerrada. As condições de prazos estão determinadas no Estatuto Social da cooperativa em questão. 

A integralização desta cota fortalece a instituição, já que compõe o seu Capital Social, e também tem como função representar a parte da cooperativa que pertence ao novo dono.