Brasil ganha espaço no ranking mundial de cooperativas: 12 estão na lista - Nacional
null Brasil ganha espaço no ranking mundial de cooperativas: 12 estão na lista
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Participação nacional cresceu entre as 300 maiores cooperativas do mundo e o Sicoob lidera na área financeira
A participação nacional cresceu entre as 300 maiores cooperativas do mundo, segundo o relatório do World Cooperative Monitor 2023. Agora são 12 no levantamento, feito com base no volume de negócios de 2021, comparado ao ano anterior. Além das três novas que ingressaram na lista, oito das que já estavam melhoraram suas posições. Apesar de cair do 31º lugar para o 34º, o Sistema Unimed, de saúde, segue a brasileira mais bem posicionada.
Na sequência, vem a Copersucar, em 43º lugar, uma das maiores exportadoras de açúcar e etanol do Brasil. Entre as primeiras, duas cooperativas de crédito se destacam: Sicoob (124º) e Sicredi (130º), com um patrimônio líquido de R$ 38,9 bilhões.
A presença das brasileiras no ranking reflete o nível de desenvolvimento e capacidade de investimento em tecnologias que o setor atingiu, diz o pesquisador e coordenador do curso de cooperativas da FGV Educação Executiva, Marcello Romani Dias. Para essas organizações da área de crédito ou do agronegócio, digitalização, inteligência artificial e agricultura de precisão já são realidade.
“Na agricultura 4.0, por exemplo, uma parte das pioneiras no uso dessa tecnologia são empresas multinacionais tradicionais, e outra parte são algumas dessas cooperativas”, informou Dias.
Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), há no país 4.693 cooperativas em mais de 1.400 municípios, com 20,5 milhões de associados. A movimentação do setor cresceu 25% em 2022 (último dado disponível), para R$ 655,5 bilhões. Já os ativos totais atingiram R$ 996,7 bilhões, alta de 27% sobre 2021.
Burocracia inibe alta
Para Dias, no entanto, há ainda uma grande diferença entre as organizações nas diferentes áreas.
“Nas cooperativas do agro há um abismo entre as menores e as gigantes que estão no ranking internacional. A força econômica vai estar diretamente relacionada a essa capacidade de investir em tecnologia e digitalização”, esclareceu.
Apesar do bom desempenho das brasileiras, que reflete a expansão do cooperativismo no país, o Brasil ainda está longe dos líderes do ranking: Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Holanda e Itália.
O francês Groupe Crédit Agricole ocupa o topo, seguido pelas alemãs Rewe Group e Cooperative Financial Network Germany. O volume de negócios das 300 maiores cooperativas ultrapassou os US$ 2,4 trilhões, uma alta de quase US$ 300 bilhões em relação ao ano anterior. A maioria das listadas opera no setor agrícola, de seguros, comércio atacadista e varejista.
Entre as nacionais, os setores que tiveram maior crescimento por volume de negócios foram agronegócio e crédito. A Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) foi a que mais se destacou, subindo 117 posições, para o 155º lugar. O número de cooperativas ligadas ao agronegócio no levantamento passou de seis para nove.
Sicoob e Sicredi na lista
Separadas por poucas posições, Sicoob e Sicredi, do setor financeiro, tiveram crescimento semelhante e já se consolidaram no World Cooperative Monitor. Segundo Dias, esse resultado vem, em parte, de lacunas deixadas pelos bancos tradicionais.
O professor da FGV afirma que há alguns aspectos que atrapalham a maior competitividade do cooperativismo no Brasil, como a questão tributária e o excesso de burocracia.
“É preciso ter produtos e serviços que sejam competitivos não apenas aqui, mas que alcancem nível lá fora. São elementos que atrapalham o empreendedorismo no Brasil como um todo”, concluiu.
Fonte: O Globo.