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Cooperativismo significa a colaboração entre pessoas com um interesse em comum. A ideia surgiu após a Revolução Industrial, quando a população começou a ficar insatisfeita com as altas taxas de desemprego e os baixos salários.
O cenário motivou os trabalhadores a se unirem em busca de melhores condições para o exercício das suas atividades, que incluíam desde a redução nos custos de produção até a aquisição de novos equipamentos.
No entanto, foi apenas em 1844 que o termo cooperativa surgiu. A primeira cooperativa foi criada na cidade de Rochdale-Manchester, no interior da Inglaterra.
Um grupo composto por 27 homens e uma mulher se uniu para montar seu próprio armazém, já que, separadamente, essas pessoas não tinham condições de comprar a quantidade básica de alimentos para sobreviver.
A proposta era simples: comprar alimentos em grande quantidade para conseguir preços menores. Todos os itens seriam divididos igualitariamente entre o grupo. E assim nasceu a Sociedade dos Probos de Rochdale, que em 4 anos multiplicou seu capital social de 28 para 152 mil libras.
O termo cooperativismo, contudo, só foi criado oficialmente em 1948, em um congresso do segmento realizado em Praga. Na época, sua definição era: “Será considerada como cooperativa, seja qual for a constituição legal, toda a associação de pessoas que tenha por fim a melhoria econômica e social de seus membros pela exploração de uma empresa baseada na ajuda mínima e que observa os Princípios de Rochdale”.
Desde então, já são mais de 3 milhões de cooperativas no mundo. Existe até o Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado no primeiro sábado de julho e com objetivo de divulgar esse modelo organizacional.
A primeira cooperativa do Brasil surgiu em 1889, em Minas Gerais. Conhecida como Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, a organização era voltada para o consumo de produção agrícola.
Já a cooperativa mais antiga e em atividade do país é do ramo financeiro. Foi criada em 1902 pelo padre suíço Theodor Amstad e fica localizada em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul.
Apesar de vermos centenas de exemplos de cooperativas no país, a representatividade do setor é recente. Foi apenas em 1969 que o segmento ganhou mais força e relevância com a criação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A OCB assume até hoje o papel de defender e promover esse modelo de negócio.
O principal objetivo do cooperativismo é equilibrar a justiça social com a prosperidade econômica e a sustentabilidade com os resultados financeiros, respeitando os interesses coletivos e as aspirações individuais.
Certamente, é um desafio no cenário econômico que vivemos. Mas essa sempre foi a premissa da organização e isso se reflete nos seus princípios.
Assista: Tudo o que você precisa saber sobre cooperativismo financeiro
Os princípios de uma cooperativa são reforçados desde 1884, quando a primeira organização foi criada. São eles:
1. Adesão voluntária e livre
Qualquer pessoa interessada pode participar de uma cooperativa. A única exigência é que a pessoa concorde com o objetivo econômico da instituição e esteja disposta a assumir as suas responsabilidades.
2. Gestão democrática
A democracia é o que move uma cooperativa. Todas as decisões são baseadas em princípios democráticos. Isso inclui a realização de eleições para escolher seus representantes oficiais, reuniões para a formulação de políticas e tomadas de decisões. A máxima “um homem, um voto” é a força motriz do modelo de negócio.
3. Participação econômica
No cooperativismo, o rateio das sobras, ou resultados que a cooperativa apresentou naquele ano, são definidos pelos cooperados durante a assembleia. Todos votam para definir o futuro do valor, seja em investimento na própria cooperativa, custeio de atividades ou na divisão dos resultados entre os cooperados.
4. Autonomia e independência
Uma cooperativa cresce porque há um trabalho conjunto dos membros. Esse trabalho pode ser expandido em formas de parcerias e acordos com organizações públicas e privadas. Contudo, a tomada de decisão continua sendo da cooperativa.
5. Educação, formação e informação
O desenvolvimento das comunidades onde as cooperativas estão inseridas acontece por meio da educação. É comum os cooperados receberem palestras, treinamentos e terem acesso a cursos técnicos, se tornando mais qualificados para atuarem no mercado.
6. Intercooperação
A intercooperação acontece não só entre cooperados, mas também entre cooperativas locais, regionais, nacionais e internacionais. Através da prática da solidariedade, as cooperativas trabalham juntas fortalecendo o movimento e ressaltando os diferenciais de uma instituição cooperativista.
7. Interesse pela comunidade
O pensamento de uma cooperativa pode ser global, mas sua ação sempre começa em um local específico e visa causar impactos positivos na comunidade ao seu redor. Por isso, todas as políticas aprovadas pelos membros devem considerar primeiro a realidade na qual a cooperativa está inserida, promovendo o seu desenvolvimento socioeconômico.
O cooperativismo acontece na prestação de serviços, valores e ideias que geram benefícios para os seus membros e suas comunidades.
Além dos princípios que explicamos anteriormente, existe uma série de regras para o funcionamento de uma cooperativa. Elas estão reunidas na Lei n.º 5.764/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo.
É essa legislação que define os 7 ramos do cooperativismo:
Veja também: Tudo o que você precisa saber sobre ser um cooperado
O cooperativismo tem como característica principal contemplar os interesses coletivos de um grupo de pessoas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, social e econômico tanto dos seus membros, quanto da comunidade na qual a organização está inserida.
Esse modelo de negócio traz muitos benefícios para quem decide se tornar um associado. Um exemplo é o acesso ao crédito e a bens de consumo com taxas e preços menores.
Imagine que você queira começar a investir o seu dinheiro. Ao procurar uma cooperativa financeira, por exemplo, pode encontrar taxas com rentabilidade melhores, já que o sistema de cooperativismo tem isenção tributária. Você ainda tem a segurança de fazer um investimento com riscos mais baixos.
Outra vantagem é que todo mundo que faz parte de uma cooperativa é dono da instituição. Ou seja, todos têm voz ativa nas tomadas de decisão e as responsabilidades também são divididas.
Além disso, os donos, ou cooperados, também têm direito a participar da divisão de resultados anuais de sua cooperativa. O tamanho dessa parte é definido pelo estatuto.
Essa divisão é proporcional à movimentação financeira de cada um, ou seja, quanto mais a pessoa usa os produtos e serviços da cooperativa, contribuindo para o crescimento da instituição, maior é o valor que ela recebe.
Por fim, é mais que uma escolha financeira se associar a uma cooperativa que vai além do foco material, mas também é acreditar no desenvolvimento da comunidade e no impacto social que o cooperativismo pode ter no mundo todo.
Para se tornar cooperado do Sicoob, é preciso ir até uma cooperativa da rede ou acessar o App Sicoob para criar uma conta.
Caso queira se associar a uma cooperativa específica e ela não aparecer na busca do App, pode ser porque ainda não aderiu à associação digital. Exatamente por sua autonomia, a cooperativa pode escolher aderir ou não e, caso não encontre a sua no App, você pode abrir a sua conta presencialmente.
Ao se associar, o cooperado firma um compromisso com os outros e com a cooperativa por meio do pagamento da integralização, um valor que fica aplicado em uma conta pessoal, chamada Conta Capital. Esse valor é o que permite que os cooperados participem dos resultados da cooperativa de forma proporcional às suas movimentações. Na maioria das cooperativas, o valor rende durante toda a permanência naquela cooperativa e pode ser retirado se a conta for encerrada. As condições de prazos estão determinadas no Estatuto Social da cooperativa em questão.
A integralização desta cota fortalece a instituição, já que compõe o seu Capital Social, e também tem como função representar a parte da cooperativa que pertence ao novo dono.