Cooperativismo de crédito se consolida cada vez mais no Brasil, com muito espaço para crescer
A participação das cooperativas de crédito aumentou em todos os principais agregados do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e atingiu seu máximo histórico, segundo o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, divulgado pelo Banco Central.
A participação das cooperativas no patrimônio de referência do SFN aumentou para 3,9% no ano passado. Nos ativos totais, as cooperativas são 1,87% do SFN e, na carteira de crédito, 2,41%. Já no total de depósitos, as cooperativas somam 4,26%.
Os ativos totais das cooperativas cresceram 18,1% em 2016, para R$ 154,1 bilhões. Desse volume, 71% estão em cooperativas de crédito rural, 24% em unidades crédito mútuo e 5% em instituições de livre admissão. Da carteira ativa, 66% são voltados à pessoa física. Apesar do crescimento nos últimos anos, o BC afirma que a participação das cooperativas no sistema financeiro ainda é muito pequena quando comparada às economias maduras da Europa Ocidental e da América do Norte. Na França e na Alemanha, por exemplo, as cooperativas de crédito participam com 60% e 20%, respectivamente, dos depósitos totais do sistema financeiro, diz o BC.
O Brasil contava ao fim de 2016 com quatro confederações, 35 centrais, 1.017 cooperativas singulares e dois bancos cooperativos em atividade. Do total de cooperativas, 539 são de crédito mútuo, 333 de livre admissão e 145 de Crédito Rural.
Na divisão por regiões, o Sudeste tem 490 cooperativas, seguido do Sul (317), Nordeste (88), Centro-Oeste (79) e Norte (43). No total, são 4.679 pontos de atendimento, abrangendo quase metade dos municípios brasileiros. São mais de 8,9 milhões de pessoas físicas e jurídicas associadas.
As principais modalidades de crédito em 2016 foram empréstimos, financiamentos rurais e agroindustriais, financiamentos e títulos descontados. A principal modalidade de captação de recursos foram os depósitos de cooperados, que são garantidos pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop) até R$ 250 mil.
O Índice de Basileia do segmento manteve-se em torno de 30% em 2016, acima do segmento bancário, de 17,2%. A inadimplência ficou em 4%, enquanto as provisões contabilizadas passavam de 6%.
No relatório, o BC aponta que o segmento cooperativista de crédito passa por um processo de consolidação. Em 2016, esse processo teve sequência com o cancelamento das autorizações de 46 cooperativas, enquanto só três foram autorizadas a funcionar. Dos cancelamentos, 40 foram por incorporação.
O BC explica que cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados. Quando há lucro, que no caso das cooperativas é chamado de sobras, elas são obrigadas a constituir fundo de reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento de suas atividades e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates). As sobras líquidas do exercício retornam aos associados proporcionalmente às operações realizadas por eles. Os prejuízos são cobertos com recursos provenientes do fundo de reserva e, se for insuficiente, mediante rateio entre associados.