Diretor-presidente do Sicoob Rio de Janeiro, Luiz Antônio de Araújo, otimista com a aprovação da LC 161
A Lei Complementar (LC) 161, aprovada no começo deste mês, trará crescimento superior a 20% nas cooperativas de crédito neste e no próximo ano. Com maior espaço para atuação, expectativa é de alta gradativa no share do setor para 30% do mercado até 2027.
Depois de um 2017 com aumentos superiores a 20% nos ativos totais dos três maiores sistemas cooperativos de crédito do País Sicoob, Sicredi e Unicred , as perspectivas em torno da aprovação da nova LC são positivas para o sistema neste ano.
A lei, que permite que as cooperativas financeiras atuem junto às prefeituras e aos órgãos e empresas controladas pelos municípios, foi aprovada no dia 4 de janeiro e já espera uma regulamentação específica por parte do Conselho Monetário Nacional (CMN) até março.
Segundo o diretor-presidente do Sicoob Rio de Janeiro, Luiz Antônio de Araújo, a LC 161 deve trazer um crescimento ainda maior para a cooperativa, que mostrou alta de 20,7% nos ativos totais registrados em 2017 ante 2016 e aumento de 13,9% no patrimônio, na mesma relação.
Essa mudança entre as autoridades reguladoras nos últimos anos, de entender e possibilitar o crescimento do cooperativismo abre muitas portas. Apesar de o movimento ser gradual, a aprovação dessa lei trará muitas transformações para o setor, avalia.
Ao mesmo tempo, a espera de uma regulamentação mais específica e a adaptação necessária para a atuação junto às prefeituras exigirá um esforço maior das cooperativas.
O sentimento é positivo e é evidente que ainda falta bastante coisa a ser discutida, analisa o presidente da Central Sicredi, Manfred Dasenbrock, e ressalta cautela.
A questão prudencial com o FGCoop (Fundo Garantidor do Cooperativismo), por exemplo, ainda precisa de uma adequação. O movimento é positivo, mas é preciso cuidado e esforço, porque ninguém consegue operar milagres, completa.
Dados preliminares do FGCoop apontam que o patrimônio social estava em R$ 797,4 mil, enquanto suas aplicações financeiras demonstravam o total de R$ 797,1 mil.
De acordo com o CEO da Unicred, Fernando Fagundes, a cooperativa cujos ativos totais avançaram 30% em 2017 contra 2016 um dos obstáculos para os resultados mais imediatos da implementação da LC seria a demora no preparo do segmento.
Será necessário fazer alguns ajustes e a maior parte do crescimento será visto apenas nos municípios menores, muitos que têm a cooperativa como única instituição financeira, explica o executivo.
Ele reforça, ainda, que parte do problema é que o custo financeiro das prefeituras tem algumas limitações e particularidades. O uso do crédito ainda não será visto com as prefeituras e esse é o nosso carro chefe. Ainda assim, ajustar a restrição do fundo garantidor para essa nova realidade será necessário, acrescenta.
Apesar das regulagens necessárias, o superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Renato Nobile, afirma ser factível um crescimento significativo no longo prazo.
É possível imaginar uma participação do cooperativismo de crédito no sistema financeiro em 30% até 2027. Nossos sistemas são robustos e, com a nova LC, a consolidação fica cada vez maior, comenta o superintendente.
Ambiente domésticoAo mesmo tempo, a percepção dos executivos consultados pelo DCI é de que a incerteza em relação ao ambiente macroeconômico e político do País, mesmo que desacelere o processo, ainda não será suficiente para trazer prejuízos.
As eleições têm impacto, mas a economia está caminhando melhor, com fundamentos mais alicerçados e perspectiva de crescimento. Com isso o otimismo começa a reinar entre as cooperativas, afirma Dasenbrock.
Todos estamos trabalhando para crescer um pouco mais na carteira de crédito e expandir o sistema ao longo deste ano. Mesmo com o cenário do País, o aumento do sistema será objetivo, conclui Fagundes.