O gerente de Tecnologia do Sicoob Central SC/RS, Izidoro Omar Gomes, 60 anos, há 26 no Sicoob, em Florianópolis, foi um dos 20 selecionados no concurso Orgulho de ser Sicoob. Confira o seu relato.

Pelos anos de 1989, a Central e oito cooperativas de crédito pioneiras começaram a receber os primeiros computadores, os modernos PC-SID. Fui encarregado de realizar a instalação, juntamente com o software que basicamente controlava os saldos da carteira de contas-correntes.

Em uma das cooperativas, em Itapiranga, no extremo oeste do estado de Santa Catarina, notei a preocupação do presidente com a possibilidade de a chegada do computador resultar em desemprego, pois havia quatro funcionários que trabalhavam com o controle de 2 mil fichas de contas-correntes.

Na primeira semana de trabalho, não consegui instalar o equipamento, devido a empecilhos. Percebia que o presidente ainda estava relutante em continuar o processo e retornei para a Central, em Florianópolis. Na semana seguinte, saí novamente de Florianópolis e viajei cerca de 14 horas de ônibus até Itapiranga, determinado a concluir o trabalho. Para economizar com hotel, dormi em um andar acima da cooperativa.

Passaram-se dois dias e nada de eu conseguir realizar a migração dos saldos para o sistema, pois havia uma diferença contábil. Eu já estava ficando preocupado, pois, naquela semana, eu não conseguiria fazer a migração. Fui dormir e, por volta das 3 horas da madrugada, acordei, sentindo dores ardidas no corpo. Levantei e acendi a luz: estava tomado por formigas cortadeiras. Corri para debaixo do chuveiro de roupa e tudo para afugentá-las. A cama e o cobertor estavam cheios de formigas!!! Dormir como?

Preferi driblar essa situação e me arrisquei: desci até a cooperativa e lancei no computador, manualmente, as 2 mil fichas de contas-correntes. Pensei: o presidente vai querer meu fígado, mas seja o que Deus quiser. Lancei tudo e tirei o relatório de saldos para deixar nos caixas para controle. O trabalho foi concluído por volta das 8 horas.

Subi novamente para tomar um banho revigorante e voltar para a cooperativa, já preparando o espírito para ouvir alguma represália do presidente. Por volta das 9 horas, ao descer a escada, fiquei boquiaberto ao ver o presidente com a listagem de saldos na mão, mostrando aos associados e levando-os para conhecer o computador. Ele falava em alto e bom tom: vejam senhores, estamos entrando na era da tecnologia, agora temos um computador!Ufa! Respirei fundo e pensei: batalha vencida, graças às formigas!.